domingo, 21 de dezembro de 2008

Escritores e escritores


"Não sei se existe algum escritor que não tenha medo do papel em branco."

Quando ouvi isso de um querido professor, que na ocasião me elogiava pela destreza alcançada na produção de um artigo, confesso que a frase me inundou, a princípio não pelo "medo do papel em branco", mas me fez repitir desde então: "não sei se existe algum escritor dentro de mim", existe?
Não sei se existe algum escritor, mas sou dos "sem berço", da mesma laia de Machadode Assis*
Volto no tempo e lembro de noites e noites rabiscando desesperadamente todas as folhas que encontrava pela frente. Após um tempo, me recordo como fui ficando mais seletiva com meus pensamentos, na verdade era mais uma questão de protegê-los do que de estética.
De qualquer forma e por qualquer motivação, nas conversas eu estava sempre pronta a dar uma bela resposta a quem quer que fosse, mas antes a imaginava em grandes letras num papel branco, e era isso que me dava segurança. Dava certo, eu confiava nas palavras.
Não sei se existe algum escritor mas sempre contei com o papel em branco, ele dá medo sim, mas é a única saída pra quem não escolheu entrar nessa Roda Viva**


Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino pra lá

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...





*http://nepefilceufes.blogspot.com/2008/05/o-escritor-e-o-vernculo-robson-loureiro.html
**Roda Viva, Chico Buarque

Nenhum comentário:

Postar um comentário