terça-feira, 20 de abril de 2010

Rugby...


O rugby e o futebol são o feitiço de Áquila
dos esportes.

Nunca se encontram nas regras, na forma de jogar, na maneira de
assistir, e fora o espírito apaixonado que envolve os dois, nada mais
de um parece fazer sentido no outro.

Mas o rugby já tem milhares de praticantes no Brasil e deve representar o
país já nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, o que justifica a comparação.

Para começar, a bola de rugby não é uma bola.

Por falta de palavra que sintetizasse uma câmera duplamente oval e
ponteaguda com quiques imprevisíveis, convencionou-se chamá-la pelo
mesmo nome de um objeto perfeitamente esférico com quiques uniformes.

E ficamos assim, porque a vida tem que ir adiante.

Basicamente, o que é proibido no futebol, como segurar e derrubar, é
requisito básico do rugby.

E o que é permitido no futebol, como dominar a bola e e trocar passes
envolventes no meio de campo é até permitido no rugby, mas totalmente
desaconselhável.

O futebol feminino tem ótimas jogadoras, que não são namoradas nem irmãs
dos jogadores do futebol masculino. Você pode dar em cima delas se
quiser.

Já as jogadoras de rugby feminino são mulheres esculturais que inclusive
posam em fotos sensuais para arrecadar fundos para o esporte.

Elas geralmente são namoradas dos jogadores de rugby e você também pode
dar em cima delas, se não tiver um pingo de juízo.

O Rugby não tem goleiro, até porque o gol equivale a toda a linha de
fundo. Passou com a bola é gol. Então no rugby não vale aquela máxima
que fala que goleiro é a profissão mais solitária do mundo.

A verdadeira profissão mais solitária do mundo é a de juiz de rugby, que
tem que agradar a dois times de 15 porteiros de boate.

No debate pós-jogo de futebol, frequentemente se lamenta uma jogada mais
violenta, uma entrada desleal, uma expulsão.

No debate pós-jogo do rugby, essa discussão não acontece.

Seria como debater a existência das linhas do campo ou o fato dos
jogadores estarem vestidos.

Neste ponto, o princípio do rugby é simples: se não fosse pra derrubar,
teria uma rede no meio e se chamaria vôlei.

Em compensação, jamais se ouviram e jamais se ouvirão expressões como
rugby-arte, rugby-moleque ou cadência do rugby, exclusividades do
futebol.

O futebol , também chamado de esporte bretão, tem os latinos como os
grandes bichos-papões.

E o rugby, que tem na Inglaterra um dos grandes vencedores, não é
chamado de esporte bretão.

Como a realidade raramente é feita de lógica, a seleção francesa de
futebol classificou-se para a Copa da África do Sul com um gol de rugby,
justo em cima de quem? Da Irlanda, que é boa de rugby e não vai para a
Copa.

Outra diferença importante é a posição relativa Brasil-Argentina no
futebol e no rugby.

No futebol, o Brasil goza de dianteira fenomenal e indiscutível,
magnânima e inquestionável, soberba e humilde, total e sórdida,
lambuzante, estonteante e espetacular sobre o país vizinho.

Já no rugby, o país platense apresenta sutil e momentânea superioridade
sobre o Brasil.

Dois esportes, duas loucuras, duas emocionantes maneiras de perder tempo
na frente da TV.

Tão diferentes que são iguais.

Tomar contato com o estranho rugby é lembrar que um dia, do nada, você
foi apresentado ao então estranho objeto perfeitamente esférico e de
quiques previsíveis .

E sem sequer saber o nome dele, resolveu que esta seria uma grande
paixão na sua vida.

Tárcio Corá

Um comentário:

  1. a bela foto se encontra em
    http://www.flickr.com/photos/aps2007/2484011296/in/photostream/

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